O pivete Jorge – parte 1

Bruno ParodiCotidiano e FicçãoLeave a Comment

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Quando eu era menor tive a felicidade de contar com boas opções de lugares para brincar. Podia ir para o clube, praia ou, então, ficar na rua – tudo num raio que não passava de 1 quilômetro (sem contar Petrópolis). O palco da baderna era um lance cíclico, que variava entre os 3 (ou 4) cenários já citados.

Cada point tinha uma galera diferente, variando níveis sociais e econômicos. De manhã você podia estar batendo uma pelada com o filho do presidente do Banco Central e de tarde saindo na porrada com sem-teto da rua ao lado. O fato é que tudo dependia das fases, das épocas, e eu invariavelmente passava temporadas inteiras com os moleques da minha rua andando de bicicleta ou skate, no meio de guerras onde a munição eram os frutos que caíam das árvores, futebol, damas e tal. Era pé no chão mesmo e só subia para casa quando o meu pai assobiava militarmente da nossa janela.

É, sim, o Rio sempre foi violento. E na minha época de mini-Parodi nosso grande temor eram os pivetes. Atualmente eles parecem menores, mais perdidos, quase lunáticos. Mas, repito, na minha época eles tinham quase 2 metros de altura, eram magricelões e sedentos por sangue. A gente ali não tinha medo de porra nenhuma. Se desse alguma cagada, os mais de 10 pirralhos se juntavam e resolviam a situação. Só os pivetes é que eram um caso perdido, não tínhamos como enfrentá-los… E eles sempre teimavam a aparecer depois das 6 da tarde, quando começava a escurecer. Quase criaturas de O Senhor dos Anéis.

[continua amanhã]
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